Greco-Goiano
Exposição "Não vou negar: Artes visuais, território e música sertaneja".
Centro Cultural UFG
"Greco-Goiano" é o site-specific elaborado pelo Barranco Ateliê (Valdson Ramos, Joardo Filho e Talles Lopes) para a mostra "Não vou negar: Artes visuais, território e música sertaneja", curadoria de Paulo Duarte-Feitoza no Centro Cultural UFG (CCUFG) em Goiânia.
"Cantor sertanejo de enorme popularidade, Gusttavo Lima tornou-se uma figura emblemática do conservadorismo no Brasil, especialmente após declarar apoio público ao então presidente Jair Bolsonaro, 2022. Participaram do encontro, entre outros, os cantores Leonardo, Zezé Di Camargo, Marrone, Chitãozinho, Sula Miranda e Fernando (da dupla com Sorocaba). A imagem de Gusttavo Lima, associada à ostentação e a valores tradicionalistas, encontra em sua residência em Goiás um de seus marcos simbólicos.
É essa construção que inspira a obra Grego-Goiano, apresentada pelo Barranco Ateliê. A chamada arquitetura greco-goiana, decalque neoclássico inspirado na cultura greco- -romana, segue emergindo no Cerrado em diversas formas. Entre essas variações, a fachada de uma das residências do cantor, repleta de colunas, se destaca pela escala monumental e pelo contraste com a paisagem local, acentuados por sua ampla circulação nas redes sociais do cantor, de sua família e de seus fãs. O apreço pela arquitetura clássica, frequentemente alçado pelos conservadores como símbolo de ordem, hierarquia e grandeza, surge em oposição às linguagens contemporáneas, que são vistas por esses grupos como ameaça à tradição e à moral."
- Paulo Duarte-Feitoza
Trecho do texto curatorial da mostra
Não vou negar: Artes visuais, território e música sertaneja
Centro Cultural UFG
Trecho do texto curatorial da mostra
Não vou negar: Artes visuais, território e música sertaneja
Centro Cultural UFG
DASARTES
"Centro-Oeste borbulhando: a semana da arte contemporânea em Goiânia".
Texto por Matteo Bergamini.
A relação entre arte, território, memória e cultura popular é o eixo da exposição Não vou negar: artes visuais, território e música sertaneja, inaugurada no dia 13 de maio de 2025 no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG). Tomado de empréstimo da conhecida canção de Zezé Di Camargo & Luciano, a mostra reúne trabalhos de 30 artistas, em sua maioria radicados em Goiás, entre nomes consagrados e emergentes, vivos e falecidos, compondo um amplo retrato da produção artística atravessada pelas sonoridades e contradições da música sertaneja. Entre os destaques estão obras de artistas reconhecidos como Siron Franco, Antônio Poteiro, Nazareno Confaloni e Octo Marques, além de talentos da nova geração, como Benedito Ferreira, Emilliano Freitas, Cássia Nunes e Verônica Santana.
A curadoria é assinada por Paulo Duarte-Feitoza, pesquisador e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG, cuja investigação se dedica às articulações entre arte contemporânea, cultura visual e patrimônio imaterial. A exposição propõe um percurso visual que dialoga com o universo da música sertaneja — desde sua raiz caipira até suas expressões mais atuais — como linguagem estética e como dispositivo simbólico que questiona a ideia de território, pertencimento e identidade. Segundo o curador, “O peso cultural da música sertaneja em Goiás e no Brasil é incontestável e esta exposição procura pensá-la sem idealização nem desprezo, mas de forma crítica. A mostra visa desmistificar os estereótipos que cercam o gênero. Queremos evidenciar sua potência como linguagem artística que mobiliza sentidos, expressa contradições e atravessa diferentes campos da produção simbólica, incluindo a arte contemporânea”.